A Eletronuclear informou que vai realizar uma reestruturação geral, para aprimorar a gestão e fortalecer a sustentabilidade financeira da empresa.
A nova estrutura organizacional da Eletronuclear entra em vigor a partir de 1º de abril de 2025, trazendo uma economia estimada de R$3 milhões anuais.
Haverá entre outras medidas a redução de 4 superintendências e 36 gerências/assessorias.
Além disso, a empresa implementará a cobrança de uma taxa para custear serviços de manutenção das vilas residenciais destinadas aos funcionários em Angra dos Reis. A medida, que não se trata de um aluguel, visa cobrir despesas como limpeza, água, luz, telefone e IPTU.
Veja a nota na íntegra:
A Eletronuclear promove uma série de medidas estratégicas para aprimorar a gestão e fortalecer a sustentabilidade financeira da empresa. Entre os principais destaques estão a aprovação da revisão do organograma da companhia, a redução das despesas operacionais com Pessoal, Material, Serviços de Terceiros e Outros (PMSO), bem como a cobrança de custos de manutenção das vilas residenciais e, ainda, adoção de plano de demissão voluntária (PDV/PDI).
As iniciativas fazem parte de um conjunto de ações para garantir melhorias no atual modelo de governança e viabilizar a continuidade da construção de Angra 3.
Reestruturação organizacional
Aprovada pelo Conselho de Administração, no dia 27 de janeiro, a nova estrutura organizacional da Eletronuclear entra em vigor a partir de 1º de abril de 2025, trazendo uma economia estimada de R$3 milhões anuais. Com a reformulação, a empresa busca maior eficiência, agilidade e redução de despesas, proporcionando:
- Redução de níveis hierárquicos para otimizar a tomada de decisão;
- Eliminação de sobreposição de atividades, melhorando a produtividade;
- Redução de 4 superintendências e 36 gerências/assessorias.
A reestruturação foi mais presente nas áreas corporativas, mas também há alterações na operação e engenharia. As mudanças foram pensadas visando maior agilidade e melhorias de comunicação e nas entregas aos clientes internos, gerando como consequência melhoria de confiabilidade e segurança operacional.
Além disso, o novo organograma se alinha ao estágio atual do projeto de Angra 3. O planejamento anterior previa a conclusão da usina em 2028, mas com as novas estimativas a entrada em operação está projetada para 2031. Desta maneira, o novo formato permite uma melhor utilização de mão-de-obra, realocando funcionários que estavam voltados aos serviços de operação e engenharia da unidade para as duas usinas em funcionamento (Angra 1 e 2).
“O novo organograma de Angra 3 foi ajustado à etapa atual do projeto, proporcionando aproveitamento de recursos humanos capacitados para outras frentes importantes”, destaca Raul Lycurgo, presidente da Eletronuclear.
O organograma revogado, que estava em vigor desde 2022, tinha mais de 116 cargos de chefia e com a nova estrutura passa a ter 73 cargos. Ou seja, 43 cargos de chefes serão extintos ou incorporados por outras áreas para otimização dos recursos.
Lycurgo também salientou: "Essa reformulação organizacional permite um modelo mais enxuto e eficiente, alinhado às boas práticas do setor, sem comprometer a segurança e a qualidade dos serviços prestados".
A iniciativa não está relacionada diretamente ao desligamento de funcionários, mas sim à readequação da estrutura organizacional para torná-la mais compatível com as necessidades da companhia e a realidade atual do projeto Angra 3.
Redução de PMSO (Pessoal, Material, Serviços de Terceiros e Outros)
Desde 2021, os custos da Eletronuclear com PMSO estavam mais de 50% acima do valor concedido em tarifa pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Em 2022, o PMSO concedido pela Aneel era de R$1,1 bilhão, mas a empresa gastou R$1,6 bilhão. Ou seja, em 2022, R$500 milhões saíram do caixa da companhia sem cobertura tarifária. No ano seguinte, 2023, o PMSO concedido pela Aneel foi novamente de R$1,1 bilhão, mas a empresa gastou R$1,78 bilhão. Isto é, em 2023, aproximadamente R$700 milhões saíram do caixa da companhia sem cobertura tarifária. Ainda em 2023, o orçamento para 2024 apontava para gastos na companhia com PMSO de R$2,4 bilhões, enquanto que o PMSO da Aneel era de R$1,4 bilhões. Se isso se concretizasse, seria um déficit de R$1 bilhão.
Com medidas de racionalização já implementadas pela atual gestão da Eletronuclear, a empresa reduziu os gastos com PMSO em 2024 de R$2,4 bilhões para R$1,9 bilhão, ainda além do PMSO da Aneel de R$1,4 bilhão, mas invertendo a tendência.
A meta é atingir o equilíbrio até o final de 2026, alinhando os custos ao PMSO regulatório da Aneel com os custos de PMSO da empresa.
"A redução do PMSO é essencial para garantir a viabilidade econômica da Eletronuclear e a continuidade de projetos estratégicos, como Angra 3. Desse modo, a referida mudança no organograma se faz necessária", afirma Lycurgo.
Entre as estratégias adotadas estão a revisão de contratos, otimização de processos, controle mais rigoroso de despesas com pessoal e redução do quadro de pessoal.
Além disso, a empresa implementará a cobrança de uma taxa para custear serviços de manutenção das vilas residenciais destinadas aos funcionários em Angra dos Reis. A medida, que não se trata de um aluguel, visa cobrir despesas como limpeza, água, luz, telefone e IPTU.
Vale destacar que esse benefício não está previsto nos editais de concursos da empresa e, diante do cenário econômico da empresa, precisou ser ajustado para assegurar uma gestão mais sustentável.
Revisão do Plano de Negócios e Gestão (PNG 2025-2029)
Aprovado pelo Conselho de Administração da Eletronuclear, o novo PNG estabelece diretrizes estratégicas para os próximos cinco anos, priorizando segurança, confiabilidade e sustentabilidade financeira. O documento foi elaborado com base em métricas de operadores nucleares internacionais e contempla diferentes cenários para a retomada das obras de Angra 3, condicionada a decisões governamentais.
O PNG inclui o projeto de extensão da vida útil de Angra 1 e metas de eficiência operacional, além de fortalecer a governança corporativa da empresa. "Nosso planejamento estratégico reflete o compromisso com a melhoria contínua da gestão e a busca por uma operação cada vez mais confiável", destaca Lycurgo.
A elaboração do plano segue o estabelecido pela Lei 13.303/2016, que determina que empresas públicas elaborem anualmente um planejamento de cinco anos. No caso da Eletronuclear, esse processo é fundamental para projetar o futuro da geração de energia nuclear no Brasil, com metas de eficiência e expansão da capacidade produtiva.
O documento já está disponível no site, por meio do link
https://www.eletronuclear.gov.br/Quem-Somos/Governanca/Paginas/PlanejamentoEstrategico.aspx