O CEO da Petra Golda, Eduardo Monteiro Wanderley, é alvo de uma ação da Polícia Federal na manhã desta quarta-feira. A Operação Lóris visa a combater crimes financeiros e de lavagem de dinheiro, ocorridos no Rio de Janeiro. Segundo a corporação, o esquema funcionava por meio de patrocínio a eventos, museus e esportistas. A PF informa ainda que o Teatro do Leblon, no bairro nobre da Zona Sul carioca, foi comprado com o propósito de difundir o nome do grupo.
De acordo com a PF, as equipes cumpriram mandado de busca e apreensão na residência do investigado, que ainda teve ordem de sequestro de seus bens emitida pelo juízo da 8ª Vara Federal Criminal, do Rio de Janeiro.
O alvo é Eduardo Monteiro Wanderley, dono e CEO da empresa. Agentes estiveram no apartamento dele, num prédio no Flamengo, na Zona Sul. A Justiça determinou o sequestro de bens do empresário no valor de R$ 300 milhões.
A investigação, segundo a PF, apura a atuação de grupo econômico, que "teve grande projeção no cenário carioca", com "captação de milhões de reais" sem autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Os envolvidos podem responder pelos crimes de lavagem de dinheiro, emissão ilegal de debêntures e gestão fraudulenta de instituição financeira. Em caso de condenação, as penas podem chegar a 30 anos de reclusão
A compra do Teatro do Leblon foi feita em 2019. O espaço perdeu o apoio em 2022, quando fechou. Para a PF, esse investimento, assim como outros na área de esporte e de cultura, tinham "o propósito de difundir o nome do grupo".
O nome da operação, Lóris, é uma referência ao único primata venenoso, que possui aparência dócil e receptiva, ocultando o risco que o contato com ele causa, explica a Polícia Federal.
Ações de investimento
No site, o grupo conta sua história de expansão desde a fundação, em 2009. Primeiro, houve a criação da primeira empresa, na área da construção civil, no Rio. Após 8 anos, as atividades foram expandidas para o mercado financeiro, com início nos mercados de câmbio e antecipação de recebíveis.
Segundo as investigações que resultaram na operação desta quarta-feira, o grupo emitia e ofertava debêntures sem autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Debêntures são títulos de dívidas de empresas, emitidos para financiar projetos, aumentar lucros e reestruturar dívidas. Ao comprar esses papéis, o investidor tem direito de crédito sobre a companhia e recebe remuneração a partir dos juros.
A investigação apura a "captação de milhões de reais" sem autorização da CVM. O RJTV, da TV Globo, teve acesso a um relatório no qual a comissão aponta que, pelo histórico de emissões da Petra Gold, a emissão seguinte possui sempre valor igual ou superior à anterior, principal característica de um "esquema Ponzi", a pirâmide financeira. Assim, o grupo pagava aos primeiros investidores com o que arrecadava das emissões seguintes. Ainda segundo as investigações, quando o esquema não se sustentou, o CEO deixou de pagar funcionários e investidores.
Em maio de 2020, a CVM emitiu um comunicado em que afirmava que a empresa e o CEO não se encontravam "habilitados a ofertar publicamente contratos de investimento coletivo, participações, ou quaisquer valores mobiliários", sendo determinada a suspensão de ofertas.
Em abril de 2021, a CVM teve uma nova determinação, para que a Petra Gold Serviços Financeiros S.A., pertencente ao grupo, abstivesse-se da emissão de debêntures. Segundo a comissão, estaria "realizando operação fraudulenta no mercado de capitais, por meio dessa oferta".
No início deste ano, a empresa já tinha sido alvo de investigação da Polícia Civil do Rio, desta vez por estelionato e organização criminosa. De acordo com a polícia, a Petra Gold impediu o resgate de valores aplicados por clientes, num total que poderia ultrapassar R$ 3,5 milhões.
O Globo